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Motor flex, presente em 20 milhões de carros, ainda encara desinteresse

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Motor flex, presente em 20 milhões de carros, ainda encara desinteresse

calmon-80x80.jpg Fernando Calmon Colunista do UOL 11/06/201322h37
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chevrolet-omega-1371000511534_956x500.jp Dez anos de carros flex no Brasil11 fotos1 / 11
Após a crise do Pro-Álcool, em 1989/90, Bosch e GM criaram projeto de Chevrolet Omega de 2 litros com tecnologia flex; sistema caro e lento não avançou Divulgação

No próximo mês, a indústria atingirá a produção de 20 milhões de veicules leves cujos motores podem ser abastecidos indiferentemente com etanol ou gasolina. Mais conhecidos como motores flex, em pouco mais de 10 anos (completados em março --releia a coluna da época, aqui) conseguiram crescente aceitação. Respondem por cerca de 90% das vendas de veículos leves com motores de ciclo Otto, inclusive de modelos de origem sul-coreana e chinesa que tiveram desenvolvimento no exterior.

É preciso lembrar que essa tecnologia chegou a ser ridicularizada no início, em 2003. No entanto, ela veio para ficar e, aos poucos, superou problemas. Esta semana, a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) relembrou a trajetória de sucesso dos motores flex. Um dos poucos exemplos em que o Brasil vem mostrando competência em termos de pesquisa e inovação. Na sétima edição do Prêmio AEA de Meio Ambiente, o trabalho acadêmico vencedor de Jorge Tenório (Universidade de São Paulo) e Joner Alves (Aperam, ramo siderúrgico) tratou da geração de energia a partir de resíduos da produção de etanol.

CONFLITO DE INTERESSES

Combustível e veículo se complementam. Motores flex nasceram para que os proprietários de automóveis tivessem uma alternativa em função do preço de cada combustível nos postos de abastecimento. Entretanto, há de se administrar previsíveis conflitos de interesse entre a indústria petrolífera e a de biocombustíveis. Essa arbitragem deveria caber ao mercado, mas não dá para deixar de reconhecer ou abrir mão do papel dos governos. No caso do Brasil isso ocorre de forma errática: hora estimula, hora desestimula a produção de etanol.

Como bem lembrou o professor Francisco Nigro, em sua palestra durante a premiação referida, se há objetivo sincero de redução de emissões de gás carbônico (CO2), o biocombustível de cana-de-açúcar é imbatível. Para ele, faltam ações coordenadoras ao governo brasileiro, participante do programa mundial de limitação daquele gás de efeito estufa que provocaria mudanças climáticas. A descoberta de petróleo na difícil camada pré-sal, muito abaixo do leito do fundo do mar em águas profundas e longe da costa, levou a euforia e quase descarte dos combustíveis renováveis.

Nigro lembrou que a indústria também precisa avançar. Segundo suas pesquisas, nos dados disponíveis do programa de etiquetagem veicular, motores flexíveis mostram, na média, deficiência de 2% em relação à gasolina, especialmente no ciclo rodoviário, ao consumir etanol. Tal desvantagem não é desprezível, pois se trata de medição de eficiência energética, em quilojoules/km, que compensa a diferença de poder calorífico entre os dois combustíveis. Lembra que se trata de média e, assim, há motores melhores e piores.

Essa situação, por informações de várias fontes, deve e vai mudar graças às metas impostas no programa Inovar-Auto.

Fonte: http://carros.uol.com.br/colunas/alta-roda/2013/06/11/motor-flex-presente-em-20-milhoes-de-carros-ainda-encara-desinteresse.htm

 

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